Pacto de Defesa Mútua entre a Arábia Saudita e o Paquistão
- dri2014
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O acordo mútuo de defesa assinado entre a Arábia Saudita e o Paquistão define um alinhamento entre os países visando protegê-los de uma agressão externa, pactuando-se que o ataque a contra um deles será considerado como uma investida contra ambos. O pacto faz-se presente em um momento geopolítico sensibilizado pelo conflito na Faixa de Gaza, nas ofensivas israelenses contra Estados vizinhos da Arábia Saudita, e em meio às hostilidades entre Índia e Paquistão.
O compromisso bilateral tem como objetivo o estabelecimento da cooperação entre os países no âmbito militar e de defesa, mediante o reforço da interdependência estratégica, a inserção do Paquistão na segurança do Golfo e a introdução da Arábia Saudita na conjuntura geopolítica do Sul asiático.
Visando fortalecer a segurança mútua, o acordo entre uma nação armada nuclearmente e um Estado rico em petróleo baseia-se na ligação histórica e nas relações econômicas e religiosas pré-existentes. Em 1947, a Arábia Saudita foi um dos primeiros países a reconhecer a independência paquistanesa e, quatro anos depois, assinaram um “Tratado de Amizade” que definia os princípios para a colaboração econômica, política e estratégica. Nos dias atuais, ambos compartilham da fé islâmica, mantêm sua interdependência econômica e são parceiros dos Estados Unidos. Além disso, estima-se que haja 1.500 a 2.000 soldados paquistaneses no Reino Saudita, e bilhões de dólares da Arábia Saudita têm sido empregados para sustentar a condição financeira do Paquistão.
Diante do novo pacto, o governo paquistanês disponibilizará o armamento nuclear do país, enquanto que a administração de Riad tende a consolidar-se como a maior fonte externa de recursos para Islamabad, ultrapassando US$ 6 bilhões em aportes entre 2025 e 2026. Dessa forma, tem-se como aspectos relevantes do acordo: a abrangência de todos os meios militares, a ampliação do programa nuclear de modo a incluir o Reino Saudita sob o guarda-chuva nuclear paquistanês, o compartilhamento de inteligência e o apoio à independência da defesa saudita. Ademais, a aliança conjunta demonstra a reação dos países frente às investidas de Israel em Gaza, no Catar e no Irã, além de uma resposta às tensões entre Paquistão e Índia, ao declínio das garantias dos Estados Unidos e à rivalidade norte-americana com a China.
Israel, como o único detentor de armas nucleares no Oriente Médio, enfrenta atitudes hostis vindas do Paquistão, mas mantém relações sem conflito com a Arábia Saudita, cuja rivalidade histórica é com o Irã. O compromisso suscita preocupações à nação israelense ao sugerir a diversificação de alternativas de defesa de Riad perante os ataques militares de Tel Aviv em áreas vizinhas, como o ataque aérea aéreo israelense em Doha. O pacto também é tido como uma solução à iminente possibilidade de aquisição de armas nucleares pelo Irã, que envolveu-se por 12 dias em um confronto com Israel. No momento, Teerã procura ampliar o diálogo com os países do Conselho de Cooperação do Golfo e não tende a suspender seus esforços de reconstrução da confiança devido ao acordo saudita-paquistanês. Tais ações iranianas representam a intenção do governo em romper com o isolamento regional, a fim de combater Israel.
O acordo explicita o enfraquecimento da credibilidade dos Estados Unidos como aliado de defesa na região, uma vez que afasta Washington do cenário geopolítico do Oceano Índico Ocidental, aprofundando os laços da China. O fracasso na finalização do contrato de caças F-35 e o alinhamento de Trump a Israel em Gaza comprometeram tanto a viabilidade de um tratado formal entre EUA e Arábia Saudita quanto a confiabilidade de Washington como parceiro regional. A crescente busca de países do Oriente Médio por mecanismos de dissuasão nacional intensifica a disputa de influência entre China e Estados Unidos, abrindo espaço para novos acordos no Oriente Médio, Norte da África e Ásia, com impacto direto na reconfiguração da ordem internacional.
Por sua vez, a colaboração de caráter econômico entre Nova Déli e Riad tende a ser afetada, visto que a aliança saudita-paquistanesa pode debilitar a posição da Índia como parceiro asiático preferido da Arábia Saudita. A Índia absorve 18% das exportações energéticas da Arábia Saudita e mantém cooperação militar com o reino por meio de exercícios navais e terrestres regulares. Por outro lado, sua relação com Islamabad é caracterizada por uma rivalidade histórica que, nos últimos tempos, foi intensificada pelos confrontos de maio de 2025 que envolveram ofensivas com drones e mísseis. Com a declaração do governo indiano indicando que analisará os efeitos da assinatura do pacto saudita-paquistanês, espera-se uma aproximação entre Índia e Israel, já iniciada com o compartilhamento de informações de inteligência e com a colaboração com sobre o desenvolvimento de armamento.
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