Israel x Irã: A Escalada do Conflito
No dia 01 de outubro de 2024, o Irã lançou um ataque de mísseis balísticos contra o território israelense, alegadamente em resposta à morte do chefe do Hezbollah libanês e do general iraniano que guiava, no Líbano, as ações do grupo contra Israel, realizada pelas Forças de Defesa de Israel. O Hezbollah é uma forte milícia armada xiita usada pelo Irã para controlar o Líbano e atingir Israel.
A violação do espaço aéreo israelense por uma potência regional inimiga alerta a comunidade internacional para uma escalada de tensões dentro do Oriente Médio, uma região altamente vulnerável à disputa de interesses das potências estrangeiras. Enquanto isso, a Rússia, contrária à hegemonia ocidental no Oriente Médio, e acuada diante das sanções ocidentais em resposta à invasão da Ucrânia, reforça suas relações diplomáticas com Teerã e com a Síria, mantendo aliados estratégicos fundamentais para a preservação do equilíbrio de poder naquela região.
O ataque iraniano de aproximadamente 200 mísseis balísticos conseguiu penetrar a defesa aérea de Israel, cujo objetivo era atingir sua infraestrutura militar e desestabilizar suas operações de combate contra o Hezbollah no Líbano. Israel possui um dos sistemas de defesas antiaéreas mais sofisticados do mundo, o Domo de Ferro, e conta com apoio tecnológico primordial dos americanos em sua empreitada militar, e, apesar da grande maioria dos mísseis lançados terem sido interceptados prontamente, reduzindo as chances de Teerã de destruir a capacidade militar israelense, o primeiro-ministro israelense Netanyahu e funcionários do alto escalão militar israelense prometeram responder ao ataque oportunamente.
Mísseis atingiram prédios de escritórios danificados e outras áreas de manutenção das bases, todavia, todos os impactos de mísseis nas bases aéreas foram considerados pelos militares como “ineficazes” e que não nenhum dano foi causado às operações contínuas da IDF, permitindo que os militares continuassem suas operações nas horas seguintes, incluindo grandes ataques contra o Hezbollah em Beirute, apoio às forças terrestres no sul do Líbano e ataques maciços em Gaza.
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que seu país não está atrás de guerra, e enfatizou que a segurança na região da Ásia Ocidental é primordial para a segurança de todos os muçulmanos, enfatizando que Israel coage o Irã a reagir, diante de suas operações militares inconsequentes na região. O analista da Universidade de Northwestern, Mark Owen Jones, afirma que, com o ataque, o Irã buscou reconstituir uma “medida de dissuasão”, uma vez que Teerã não se mostrava forte o suficiente para lidar com os ataques israelenses contra seus aliados. O ataque, embora tenha sido calculado para evitar escaladas da parte de Israel, teve como objetivo fortalecer a imagem iraniana frente à comunidade internacional. Até o momento, as possíveis respostas de Israel ao confronto apresentam-se instáveis e imprevisíveis.
Em abril de 2024, em retaliação ao suposto ataque israelense ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, o Irã lançou uma série de mísseis balísticos e drones contra bases militares no sul de Israel. Em resposta ao ataque sofrido, Israel promoveu em seguida um ataque contra a base aérea de Artesh, em Isfahan. Embora a retaliação israelense tenha feito pouco para reduzir as capacidades militares do Irã, ela serviu como “ameaça implícita”, evitando, como consequência, uma nova escalada. Israel tem a opção de manter essa postura limitada, uma vez que o novo ataque, de 01 de outubro, também resultou em danos diminutos, contudo, se Israel decidir intensificar sua resposta, isso poderá levar as forças iranianas a um confronto direto com Israel, possivelmente envolvendo seu maior aliado, os EUA (especialmente se Trump vencer as eleições desse ano de 2024).
Benjamin Netanyahu argumenta que “o Irã já lançou duas vezes centenas de mísseis na nossa terra, em nossas cidades, em um dos maiores ataques de mísseis balísticos da história”, defendendo que em nenhum país do globo esses tipos de ataques seriam tolerados, sendo assim, o Estado de Israel tem o direito e a obrigação de responder a esses ataques, tendo como alvo todas as opções possíveis.
De acordo com as declarações públicas de autoridades israelenses, as opções são variadas e podem incluir ataques às instalações de produção ou refinamento de petróleo, assassinatos de membros da guarda revolucionária do Irã ou da liderança politica iraniana, ataques direcionados à ativos militares específicos, e ataques a instalações nucleares. Essa última opção é apoiada pelo antigo primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, para quem Israel tem justificativa o suficiente para promover ações no intuito de minar o programa nuclear iraniano e suas instalações centrais de energia, a fim de paralisar seu regime terrorista. No entanto, Biden declarou que não apoiaria um ataque às instalações nucleares do Irã, uma vez que mirar em instalações nucleares pode ser visto como uma reação desproporcional a um ataque que causou danos mínimos e pode acarretar um aceleramento do programa nuclear de Teerã. Além disso, grande parte das instalações nucleares do Irã estão posicionadas no subsolo de montanhas, tornando muito difícil sua destruição por vai aérea.
Neste contexto, o analista Krieg, do King’s College, afirma que instalações petrolíferas, por exemplo, podem ser alvos militares alternativos, considerando que são menos protegidos e podem causar uma pressão popular doméstica no Irã, tendo em vista que esse é um setor lucrativo dentro do país. Instalações de base naval e ativos navais do Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) também são alvos em potencial, assim como a continuação de sequências de assassinados direcionados a líderes iranianos, assim como fez com Hezbollah.
De toda forma, a retaliação israelense pode provocar novo ataque iraniano. Essa escalada seguramente afetará o mercado energético global, produzindo uma alta no preço do barril de petróleo e do gás.
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