A Inserção de China na Ásia Central
Nos dias 18 e 19 de maio de 2023, enquanto o G7 se reunia no Japão, foi realizada a primeira Cúpula China-Ásia Central, na cidade chinesa de Xian, capital da província de Xianxim, onde a China e cinco países da Ásia Central — Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão — se reuniram para discutir assuntos de interesse comum e firmaram diversos acordos bilaterais. Ao final da Cúpula, os países emitiram uma declaração conjunta destacando os principais pontos de convergência entre os participantes.
Na declaração, é enfatizado que os países reconhecem unanimemente que o desenvolvimento de uma cooperação frutífera e multifacetada entre os Estados da Ásia Central e a China é fundamental para atender aos interesses de todos os países e seus povos. Eles reafirmam seu compromisso em criar, em conjunto, uma comunidade mais próxima com um destino comum para a Ásia Central e a China, com base em perspectivas favoráveis para o bem-estar dos povos da região. Os países também reiteram seu suporte para a proteção uns dos outros, visando garantir a segurança do Estado, a estabilidade política e a ordem constitucional, aspectos de grande importância e foco nos acordos. Se é notado pelos membros o grande potencial de uma cooperação econômica e comercial entre eles; eles manifestam sua disposição em aprimorar a qualidade e o alcance do comércio e da cooperação econômica, impulsionando o intercâmbio comercial e diversificando a estrutura do comércio, se comprometendo a simplificar continuamente os processos comerciais.
O líder chinês , Xi Jinping, propôs o aumento do comércio de petróleo e gás entre a China e a Ásia Central, além do desenvolvimento da cooperação energética em todas as cadeias industriais, destacando a importância da cooperação no que tange a novas energias e ao uso pacífico de energia nuclear. Além disso, a China pretende atualizar acordos bilaterais de investimento e aumentar o volume de frete transfronteiriço com a região, incentivando as empresas chinesas na Ásia Central a criar mais empregos, construir armazéns e lançar serviços ferroviários especiais para promover o turismo.
O líder chinês tem um plano ambicioso para o desenvolvimento da Ásia Central que inclui a construção de uma infraestrutura para impulsionar o comércio e estabelecer a liderança chinesa em uma região que historicamente tem sido parte da esfera de influência da Rússia. Assim, a China, ao lado da Rússia, se coloca na vanguarda da corrida por influência política e recursos energéticos na região rica em recursos, aproveitando o momento em que os Estados Unidos diminuíram sua presença ao retirar suas forças do Afeganistão.
Esse fortalecimento dos laços da China com a Ásia Central exemplifica a crescente influência chinesa na região e também destaca a diminuição da importância do G7 como uma força globalmente determinante. Alguns veículos de informação chineses argumentam que “os EUA estão promovendo uma diplomacia coercitiva que age contra as nações em desenvolvimento”. Outros editoriais acusaram o G7 de ser “[...] uma organização fechada e limitada na forma de como se envolver com a diplomacia”. Na Cúpula do G7, ocorrida entre os dias 19 e 21 de maio, Dmitry Evstafiev, um cientista político residente em Moscou, referiu-se ao grupo como tendo um formato “[...] não criativo, herdado do passado e atualmente adotado por força da inércia”. O analista político destacou que o formato do G7 é “completa e incondicionalmente dependente dos EUA”. Embora continue sendo uma plataforma para a coordenação de políticas entre seus membros, o G7 não possui mais a capacidade de ditar a saúde, o bem-estar ou a direção da economia global, como em momentos anteriores.
Dessa forma, o estreitamento dos laços entre a China e a Ásia Central oferece à China oportunidades de influenciar a região; por meio da construção de infraestrutura, a China promove o aumento do comércio, a integração econômica e a circulação de pessoas entre os países envolvidos, enfatizando a importância de uma cooperação cultural e humanitária entre os países.
Ao desempenhar um papel mais proeminente na região, a China obtém acesso facilitado aos diversos recursos disponíveis na Ásia Central, incluindo recursos energéticos como petróleo e gás, bem como outros recursos naturais. Ela busca garantir suprimentos estáveis e diversificar suas fontes de recursos para apoiar seu crescimento econômico. Outra implicação significativa desse fortalecimento das relações sino-asiáticas é a capacidade da China de reduzir a influência da esfera ocidental na região. Ao assumir um papel de liderança e fortalecer os laços com os países da Ásia Central, a China pode criar um ambiente em que os Estados da região se tornem menos dependentes da influência e intervenção ocidentais, principalmente quando se leva em consideração o enfraquecimento
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