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Problemas na China Acumulam-se

  • dri2014
  • Aug 23, 2019
  • 3 min read

A China, que nas últimas décadas vinha sendo exaltada pelos seus saltos de desenvolvimento e vigoroso crescimento econômico, passa, em 2019, a enfrentar situações extremamente delicadas.

Em retaliação ao aumento de tarifas por parte dos EUA, a China impôs tarifas adicionais sobre 99% de todas as exportações agrícolas estadunidenses. O que não se esperava era que um surto do vírus do Ebola suíno, também conhecido como peste suína africana, surgiria nos rebanhos chineses, e que este, por não dispor de vacina nem cura, contagiaria também o rebanho de outros países. Desse modo, o que era uma grande vantagem na guerra tarifária passou a ser um problema enorme para o líder chinês Xi Jinping: o país é responsável por 50% da produção mundial de carne suína, sendo seu território o maior produtor e também consumidor dessa carne, e agora seu rebanho foi atingido por um vírus que provou ser o mais mortífero da história mundial. Outro problema apareceu e aumentou a insegurança alimentar: 15 províncias do sul da China estão sofrendo com danos sem precedentes nas plantações de milho, soja, arroz e cana-de-açúcar, provocado por uma praga de lagartas, e a China, para sua sorte ou azar, é a segunda maior produtora mundial de milho. Toda esta insegurança alimentar desenfreada está forçando a China a ter de importar enormes quantidades de carne suína e milho, de países como os Estados Unidos, a fim de manter os padrões atuais de consumo.

Mas a lista dos problemas da China ainda não chegou ao fim. Dentro do continente, fragilidades políticas e econômicas se somam às preocupações da potência oriental. Há oito semanas, grandes protestos acontecem em Hong Kong contra o governo de Pequim, e para conter a insatisfação, o governo local, apoiado pelo governo chinês, está usando da força. A razão dos protestos foi a proposta de uma legislação que permite a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China comunista. O projeto de lei – que está agora suspensa – seria uma medida que violaria o status de autonomia de Hong Kong frente à China. Lembre-se que de 1841 até 1997 Hong Kong foi governada pelo Reino Unido, com base num acordo de cessão por 99 anos firmado entre este país e a China comunista. Quando da devolução da ex-colônia, acordou-se entre o Governo Britânico e a China a ideia geral de “um país e dois sistemas”, pelo qual se permitia a Hong Kong ampla autonomia política e econômico-financeira.

A autonomia de Hong Kong permitiu que este enclave se tornasse um centro comercial e financeiro de grande importância na Ásia do Leste. Em particular, a autonomia de Hong Kong justificou um tratamento comercial preferencial dado pelos Estados Unidos desde 1992. Caso esta autonomia se perca, os Estados Unidos podem deixar de considerar Hong Kong um território aduaneiro separado da China, o que acarretará enormes perdas comerciais e financeiras. Por causa da crescente interação econômico-financeira entre Hong Kong e a China continental, o enclave tem sofrido alto grau de endividamento, acompanhando a crise monetária e fiscal chinesa. Não é à toa que, devido à atual crise política, as incertezas sobre a futura autonomia, e a situação monetária preocupante, nota-se uma fuga de capitais (de Hnog Kong e da China) considerável para o exterior. Além do povo de Hong Kong, a China comunista tem muito a perder.

Nesse meio tempo, os protestos são denunciados por Pequim como parte minuciosa de provocação norte-americana, a qual tenta convencer o povo de outra nação a enfrentar seu próprio governo. O Estado tem pouca tolerância quanto ao assunto, pois não lhe agrada o que considera a presença de influências estrangeiras mudando o dia-a-dia de seu continente. No entanto, a perseguição, repressão e intimidação contra a população se tornam cada vez mais visíveis na mídia internacional, e a autonomia, democracia e liberdade prometidas à Hong Kong ficam mais utópicas frente ao alto grau de vigilância tecnológica, por exemplo.

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