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Drone Derrubado e Quase uma Guerra

  • dri2014
  • Jul 10, 2019
  • 3 min read

As tensões nas relações entre Irã e Estados Unidos quase deflagraram um confronto militar na última semana do mês de junho de 2019. Desde 2015, as sanções comerciais e financeiras contra o Irã estavam suspensas por mérito da diplomacia, responsável por selar um acordo multilateral que restringia as atividades nucleares do Irã. Com a chegada da administração Trump, os Estados Unidos retiraram-se do acordo e reinstalaram sanções unilaterais. As sanções impostas são suficientemente amplas, atingindo as exportações petrolíferas e minerais iranianas, principal fonte de receita externa do país, transações financeiras, importações de matérias primas, o setor automotivo e até mesmo a aviação comercial. Muitos países já endossaram o pacote de sanções norte-americanas.

As relações se deterioraram acentuadamente quando dois navios petroleiros na Arábia Saudita sofreram ataques no Estreito de Ormuz, região por onde cerca de 30% do petróleo é transportado. Apesar do Irã ter negado seu envolvimento, e não haver registros de feridos e nem de vazamento petróleo, os danos foram significativos nas embarcações, e portanto, computados como ações iranianas ameaçadoras porque o país já havia avisado que não hesitaria em impedir que qualquer barril de petróleo fosse exportado da região caso as sanções continuassem a prejudicá-lo.

Dias depois, um drone norte-americano foi abatido por mísseis iranianos. Os dois lados disputam a exta localização do drone: Irã afirma que o drone estava sobrevoando o espaço aéreo iraniano, ao passo que os EUA atestam que o drone sobrevoava espaço aéreo internacional. De toda forma, a instrução dada pelo comando central do Irã era de que, qualquer violação aos seus territórios, tanto marítimos, quanto terrestres e aéreos, se não comunicada e autorizada, seria considerada como atividade hostil, justificando a resposta militar agressiva. O incidente quase gerou uma resposta militar norte-americana. O Presidente Trump anunciou que decidiu suspender a retaliação militar norte-americana 10 minutos antes do seu lançamento, quando soube que ela acarretaria a morte de pelo menos 150 iranianos (o que seria desproporcional, disse ele, em relação à destruição de um drone não-tripulado). No entanto, a situação teria sido muito diferente se Irã tivesse derrubado um Boeing P-8 Poseidon, carregando a bordo 35 militares da Força Aérea norte-americana, e que estava navegando na área do drone.

O governo Trump avançou duas demandas para o levantamento das sanções: um aparato legal, verificável, que efetivamente estabeleça controle sobre o programa nuclear e balístico do Irã, e a suspensão, pelo Irã, de intervenções desestabilizadoras no Oriente Médio. No fundo, a compressão comercial e financeira do Irã pode estar ajudando os movimentos domésticos que trabalham pela mudança de regime. O governo iraniano está sob grande pressão. Uma das estratégias iranianas é buscar novos aliados e sedimentar relações bilaterais com grandes potências como a Turquia, a Rússia e a China.

O importante é que as partes evitem que incidentes menores deflagrem um conflito militar que abrangeria toda a região, pois o Irã poderia ativar seus aliados na Síria, Líbano, Gaza e Iêmen. A consequência imediata seria o aumento exponencial do preço do petróleo. Embora os EUA sejam hoje autossuficientes em petróleo, o mesmo não se pode dizer de países como o Brasil, que acabariam sofrendo um baque enorme na balança comercial e no suprimento doméstico do combustível. Portanto, as regras de engajamento devem ser estritas, e a comunicação informal – coordenação - entre as partes precisa ser bem cultivada.

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