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A Complexa Situação na Península Coreana


A Coréia do Norte, uma ditadura desde 1948, regida com mão-de-ferro por um jovem de 27 anos, possui armas nucleares (algo entre 10 a 16) e trabalha intensamente para aumentar seu arsenal nuclear. Para o terror dos seus vizinhos, mantém também um programa avançado de mísseis balísticos que podem atuar como vetores de lançamento de ogivas nucleares.

O programa nuclear norte-coreana tem estado na agenda do Conselho de Segurança desde 1993, quando a Coreia do Norte anunciou sua saída do Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares. A partir de 2006, quando o país realiza um teste nuclear e dá publicidade a seu programa de misseis balísticos, o Conselho de Segurança instituiu um regime progressivo de sanções, sendo a última resolução sancionatória adotada no dia 02 de junho de 2017.

Nesse primeiro semestre de 2017, a situação em torno da península coreana se deteriorou. O governo dos Estados Unidos enviou três porta-aviões e navios de escolta para o Mar do Japão, numa demonstração de força para persuadir os norte-coreanos a interromperem os testes de misseis balísticos. Ao mesmo tempo, Washington e Pequim têm mantido contato diplomático, pois os americanos sabem que a China é o Estado que exerce maior influência sobre a Coreia do Norte.

Mas se a Coreia do Norte tem se engajado em atividades de proliferação há mais de 10 anos, por que a urgência da administração Trump? Pela primeira vez, a Coreia do Norte está perto de alcançar um estágio de desenvolvimento nuclear que pode colocar em risco diretamente a segurança dos EUA. O regime já declarou o objetivo de desenvolver um míssil balístico que possa atingir o território norte-americano (ICBM), e esse míssil poderia futuramente carregar uma ogiva nuclear. Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte, testa misseis balísticos lançando-os na direção do território do Japão, e faz ameaças nucleares contra a Coreia do Sul. Isto tem desestabilizado toda a região.

Por enquanto, o míssil mais sofisticado já testado pelos norte-coreanos é o Musudan, com um alcance de 2.500 a 4.000 km. E a continua produção de material físsil significa que a Coreia do Norte poderá chegar a uma centena de ogivas nucleares em torno do ano 2020.

A dissuasão nuclear não parece ter arrefecido a retórica norte-coreana. Há quem questione se a dissuasão racional efetivamente serviria para conter a expansão do programa de armas nucleares da Coreia do Norte.

Os Estados Unidos estão adotando contramedidas que forçam a China a intervir para pressionar a Coréia do Norte. Além do despacho de flotilhas navais lideradas por porta-aviões, os Estados Unidos instalaram um sistema antibalístico sofisticado na Coreia do Sul (THAAD), e o Japão pode receber o mesmo sistema. Existe também a possibilidade de que os Estados Unidos retornem para a Coreia do Sul as armas nucleares táticas que foram retiradas em 1991. Não se descarta a possibilidade que, em resposta às ameaças nucleares da Coreia do Norte, o Japão e a Coreia do Sul se nuclearizem também.

Todos esses fatores, aliados à indesejável possibilidade de guerra e de um fluxo considerável de refugiados para território chinês, levaram a China a aumentar sua pressão sobre a Coreia do Norte.

Idealmente, os Estados Unidos deveriam buscar a)o congelamento dos testes nucleares e de mísseis, e b)a interrupção da produção de materiais físseis, evitando a todo custo a opção militar, dadas as consequências de tal ação. Entretanto, qualquer solução para a crise, para que conte com o apoio chinês, deve prever a continuidade da Coreia do Norte independente, embora não necessariamente nuclearizada

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