Os Riscos Médicos da Radiação de Fukushima - Parte II
O trítio é hidrogênio H3 radioativo e não dá para separar o trítio da água contaminada, pois combina com o oxigênio para formar o H3O. Não há nenhum material que pode impedir a fuga de trítio exceto o ouro. Assim todos os reatores nucleares continuamente emitem trítio através do ar e da água de refrigeração, enquanto eles estão em operação.
O trítio concentra-se em organismos aquáticos, incluindo algas, crustáceos e peixes e também em alimentos terrestres. Como todos os elementos radioativos, é insípido, inodoro e invisível e, portanto, inevitavelmente vai ser ingerido em alimentos, incluindo frutos do mar, por muitas décadas. Esse elemento passa sem impedimentos através da pele se uma pessoa está numa neblina contendo água tritiada, perto de um reator nuclear; ele também entra no corpo através de inalação e ingestão. Causa tumores cerebrais, deformidades de nascimento e câncer de muitos órgãos.
O Césio 137 é um emissor de radiação beta e gama, com uma meia-vida de 30 anos. Isso significa que em 30 anos só metade de sua energia radioativa está decaída, por isso é detectável como um risco radioativo por mais de 300 anos. O Césio, como todos os elementos radioativos, acumula-se biologicamente em cada nível da cadeia alimentar.
O corpo humano fica no topo da cadeia alimentar. Como um análogo do potássio, césio torna-se onipresente em todas as células. Ele se concentra no miocárdio, onde induz irregularidades cardíacas, e nos órgãos do sistema endócrino, onde pode causar diabetes, hipotireoidismo e câncer de tireoide. Também pode induzir câncer cerebral, sarcomas, câncer ovariano ou testicular e doença genética.
Estrôncio 90 é um emissor beta de alta energia com uma meia-vida de 28 anos. Como um análogo do cálcio, ele se aloja nos ossos. Ele concentra-se na cadeia alimentar, especificamente no leite (incluindo o leite materno) e fica alojado nos ossos e dentes do corpo humano. Pode levar a carcinomas do osso e leucemia.
O iodo radioativo 131 é um emissor beta e gama. Tem uma meia-vida de oito dias e é perigoso por dez semanas. Ele se acumula biologicamente na cadeia alimentar, em vegetais e leite, e em seguida na glândula tireoide humana, onde é um potente agente cancerígeno, induzindo doenças da tireoide e/ou câncer de tireoide. É importante notar que, das 174.376 crianças menores de 18 anos que foram examinadas por ultra-som de tireoide, na província de Fukushima, 12 foram definitivamente diagnosticados com câncer de tireoide e 15 mais são suspeitas de terem a doença. Quase 200.000 mais crianças ainda serão examinadas para a identificação de câncer. Destas crianças, 174.367, ou 43,2%, já apresentam cistos de tireoide e/ou nódulos.
Em Chernobyl, cânceres de tireoide não foram diagnosticados até quatro anos após o acidente. Esta incidência inicial de câncer em crianças de Fukushima indica que essas crianças quase certamente receberam uma dose alta de iodo radioativo. Altas doses de outros elementos radioativos liberados durante os colapsos nucleares foram recebidas pela população exposta, assim é quase certo que a taxa de câncer vai aumentar.
Plutônio, uma das substâncias radioativas mais mortais, é um emissor alfa. É altamente tóxico, e um milionésimo de grama irá induzir câncer se inalado para os pulmões. Como um análogo de ferro, ele combina com a transferrina, causando câncer de fígado, câncer ósseo, mieloma múltiplo ou leucemia. Concentra-se nos testículos e ovários, onde pode induzir câncer testicular ou ovariano, ou doenças genéticas nas gerações futuras. Também atravessa a placenta onde é teratogênico, como a talidomida. Existem clínicas perto de Chernobyl cheias de crianças grosseiramente deformadas, com deformidades que nunca antes foram vistas na história da medicina.
A meia-vida do plutônio é 24.400 anos, e, portanto, ele permanece radioativo por 250.000 anos! Isso vai induzir câncer, deformidades congênitas e doenças genéticas praticamente pelo resto do tempo. Plutônio também é combustível para bombas atômicas. Cinco quilo de plutônio é combustível suficiente para uma arma que pode destruir uma cidade. Cada reator faz 250 kg de plutônio por ano. Postula-se que menos de um quilo de plutônio, se adequadamente distribuído, poderia induzir câncer de pulmão em cada pessoa na terra.
Em resumo, a contaminação radioativa de acidentes nucleares terá ramificações médicas que nunca cessarão, porque a comida vai continuar a concentrar os elementos radioativos por centenas ou milhares de anos. Isto irá induzir epidemias de câncer, leucemia e doença genética. Já estamos vendo tal patologia e anomalias em pássaros e insetos, e porque eles se reproduzem muito rápido, é possível observar a doença causada por radiação durante muitas gerações dentro de um espaço relativamente curto de tempo.
Uma pesquisa pioneira conduzida pelo Dr. Tim Mousseau, um biólogo evolucionista, tem demonstrado altos índices de tumores, catarata, mutações genéticas, esterilidade e reduzido tamanho do cérebro entre aves nas zonas de exclusão de Chernobyl e de Fukushima. O que acontece com os animais vai acontecer também com os seres humanos.
270.000 toneladas de resíduos radioativos mortais existem no mundo hoje, com 12.000 toneladas métricas sendo adicionadas anualmente. (Cada reator produz 30 toneladas por ano e existem mais de 400 reatores no mundo).
Esses resíduos de alto nível de risco devem ser isolados do ambiente por 1 milhão de anos – mas o equipamento usado para guardá-los não dura mais de 100 anos. Os isótopos inevitavelmente irão vazar, contaminando a cadeia alimentar, induzindo epidemias de câncer, leucemia, deformidades congênitas e doenças genéticas para o resto do tempo.
(Fonte: Caldicott, Helen. The impact of the nuclear crisis on global health, Australian Medical Student Journal, Volume 4, Issue 2, 2014 - em inglês)