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O Conflito Armado na Síria


Após 30 anos de governo autoritário, Hafez al-Assad veio a falecer e seu filho, Bashar al-Assad, assumiu a Presidência do País. Assad introduziu tímidas reformas econômicas e políticas, que não foram suficientes para estancar os efeitos da Primavera Árabe na nação. O movimento popular que removeu do poder os homens fortes da Tunísia, Egito e Líbia - conhecido como a Primavera Árabe - se alastrou para a Síria em 2011. O governo Sírio procurou apagar os protestos com a mão dura da repressão. Logo, os manifestantes se organizaram política e militarmente, criando entidades que se intitulavam representantes do povo Sírio, e grupos armados que passaram a lutar contra o regime.


O conflito desde logo se internacionalizou, com o envolvimento de muitos países de dentro e fora da região, tais como os Estados Unidos, a União Europeia (e especialmente alguns países Europeus), os países do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos), Jordânia, Líbano, Turquia, Irã, China e Rússia. Alguns se envolveram para emprestar apoio diplomático a um dos lados, outros ofereceram ajuda humanitária, ao passo que outros têm intervindo de forma mais direta no conflito, armando, treinando, financiando e compartilhando informação com uma das partes.


A internacionalização do conflito é também confirmada pela participação de milhares de voluntários nos diferentes grupos armados rebeldes, vindos de todas as regiões do mundo, mais especialmente do Oriente Médio Árabe e da Europa. Estima-se que existam mais de 16 mil combatentes estrangeiros, provenientes de mais de 80 nações (veja o relatório da ICSR). Por fim, grupos armados organizados oriundos do Líbano (Hizbollah), da Chechênia, Iraque, etc estão igualmente em operação no conflito da Síria.


No contexto religioso, verifica-se na Síria a continuidade de um conflito secular entre os dois ramos do Islam, o Shiismo e o Sunismo, que disputam a liderança religiosa e política na civilização islâmica. O Presidente Sírio, Assad, é membro da comunidade Alawita, um grupo étnico que professa a versão shiita do Islam. Seu maior aliado é o Irã, e seus maiores inimigos são os países do Golfo Pérsico. A participação direta de forças do grupo armado shiita Hizbollah, sediado no Líbano, pode ser explicada nessa perspectiva. No final das contas, quem prevalecerá nesse conflito, o eixo aliado shiita (composto pelo Irã, Síria, Líbano-Hizbollah, e Iraque), ou a frente Sunita (liderado pelo Conselho de Cooperação do Golfo)?


Ao ler as notícias do blog a respeito, pergunte-se porque tantos países estão envolvidos nesse conflito? Quais seus interesses e agenda de cada um? Uma coisa é certa, esse nível de intervenção externa está aumentando a capacidade militar de cada lado do conflito e ajudando a prolongá-lo. O surgimento do Califado na região pode ser associado diretamente ao conflito.


Os Estados Unidos acabaram de anunciar sua estratégia para combater o Estado Islâmico - ISIS, e ela envolve o armamento e treinamento de forças rebeldes "moderadas", e o ataque aéreo contra forças do ISIS. Muito se especula que, no fundo, os Estados Unidos estão aproveitando a situação gerada pelo ISIS para armar os rebeldes na sua luta contra Assad e atacar forças do regime de Assad, selando assim o fim do seu governo. O anunciado pacto de não agressão, firmado entre os rebeldes "moderados" e as forças do ISIS, coloca em dúvida a estratégia americana.


Para acompanhar a evolução do conflito, leia as Notícias que estão sendo publicadas

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