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A Crise no Oriente Médio: Estado Islâmico


Osama Bin Laden e sua organização, al-Qaeda, lamentavam o fato histórico do colapso do último Califado (o Império Otomano), e anunciaram como ponto prioritário de sua agenda a criação do Estado Islâmico e o restabelecimento do Califado (veja, por exemplo, o sermão do Bina Laden para a Festa do Sacrifício). Bin Laden morreu, al-Qaeda foi enfraquecida, e o objetivo não foi alcançado, em parte porque a organização achou que poderia levar adiante sua jihad global ao mesmo tempo em que buscava o Califado.


Coube ao líder da al-Qaeda no Iraque, Abu Al-Zarqawi, anunciar o projeto de criação de um Estado Islâmico, o que ele não pôde testemunhar porque foi morto antes. Seus sucessores declararam o estabelecimento do Estado Islâmico no Iraque em 2006, embora tal entidade existisse apenas no papel, pois nessa data o Iraque ainda estava ocupado pelos Americanos e o Estado Islâmico não controlava qualquer parte do território Iraquiano.


O vácuo de segurança deixado pela partida das tropas americanas, aliado à instabilidade política da região com a chamada Primavera Árabe, criaram as condições ideais para o progesso do projeto do Estado Islâmico (ISIS). ISIS primeiramente se envolveu no conflito armado na Siria, ao lado das forças rebeldes, não para promover uma mudança democrática no governo da Síria, mas para estabelecer na Síria a dimensão territorial do seu Estado Islâmico. Há relatórios de que ISIS recebeu armas, treinamento e financiamento de alguns Estados, inclusive os Estados Unidos. A missão especial dos Estados Unidos em Benghazi, Líbia, estaria sendo usada para canalizar armas - através da Turquia para os grupos de oposição armada na Síria, e é possível que ISIS tenha tido acesso a essas armas.


Logo, as forças do ISIS controlaram partes da Síria, subjugaram outros grupos armados, e combateram também forças rebeldes consideradas moderadas. Já consolidados em partes da Síria, o ISIS estendeu sua presença e controle para regiões do Iraque, capturando cidades importantes como Mosul e comandando parte dos recursos petrolíferos do Iraque.


A existência do Califado representa uma ameaça a todos os Estados muçulmanos da região. Historicamente, nos primeiros séculos da era Islâmica, havia apenas um Estado e uma nação islâmica debaixo do governo de um governante. Bernard Lewis nos ensina que a unidade básica da organização social e política no Ocidente é a nação, e a religião é apenas um dos componentes que definem a nação. Para os muçulmanos, contudo, a unidade básica do sistema social e político é a religião, e as nações são subunidades desta. A atração que o Califado está exercendo sobre muçulmanos em todo o mundo - a despeito da divulgação das suas atrocidades - só tende a crescer.


O sucesso do Califado até o momento pode ser explicado por sua estratégia de, primeiramente, se consolidar, para somente depois se expandir para as demais terras muçulmanas, deixando a jihad contra o Ocidente como uma etapa final. As prioridades foram estabelecidas, mas vale esperar qual a sua reação quando forças dos Estados Unidos e aliados começaram sua campanha militar contra o ISIS.


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