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A Contaminação Nuclear de Fukushima – Uma Breve História


Em março de 2011, um terremoto devastador de 9.0 ao longo da costa do Japão, seguido de um tsunami, destruiu vários equipamentos e prejudicou o sistema de refrigeração dos reatores nucleares no complexo nuclear de Daichi, perto da cidade de Fukushima.


Três reatores nucleares entraram em completo derretimento, isto é, o combustível nuclear ficou superaquecido, instável e rompeu o seu vaso de controle. Quatro explosões de hidrogênio se sucederam.


Para se ter uma ideia da dimensão do desastre nuclear japonês, em 1986, o colapso e explosão de um único reator em Chernobyl cobriu de elementos radioativos 40% da Europa e mais de 1 milhão de pessoas já morreram como um resultado direto desta catástrofe, de acordo com um relatório de 2009 publicado pela Academia de Ciências de Nova York.


Enormes quantidades de radioatividade escaparam destes reatores danificados para o ar e a água; três vezes mais gases nobres – argônio, xenônio e krypton do que foram liberados em Chernobyl, juntamente com enormes quantidades de outros elementos radioativos, como césio, estrôncio, trítio, iodo, amerício plutônio etc.


Infelizmente, o povo do Japão não foi notificado durante 2 meses sobre os colapsos.



Um reator nuclear de 1000 megawatt contém tanta radiação quanto a lançada pelas explosões de 1000 bombas nucleares do tamanho das de Hiroshima, e o urânio fissionado torna-se um bilhão de vezes mais radioativo que o urânio original, porque mais de 200 elementos radioativos foram criados, alguns dos quais duram segundos ao passo que outros duram milhões de anos.


Felizmente para o Japão, durante os três primeiros dias do acidente o vento estava soprando do oeste para o leste, de forma que 80 por cento da radiação foi soprada sobre o Oceano Pacífico. Se o vento tivesse soprado no sentido oposto, a exposição à radiação seria cinco vezes pior, e Tóquio seria evacuada.


Até o momento, 160.000 pessoas tiveram de ser evacuadas de áreas consideradas muito contaminadas, e provavelmente não poderão mais voltar. Quatorze cidades foram abandonadas, e mais 100 cidades estão em zonas de alta radiação.


Milhares de pessoas que fugiam do desastre nuclear não foram notificadas da direção em que as nuvens radioativas estavam viajando, apesar do governo japonês e dos EUA estarem rastreando essas nuvens. Isso significa que muitas pessoas fugiram diretamente para os locais das maiores concentrações de radiação, onde elas foram expostas a altos níveis de radiação externa gama sobre todo o corpo. Emitida por elementos radioativos (a radiação gama é invisível como os raios X), as pessoas inalaram ar radioativo e engoliram elementos radioativos.


Estas pessoas – exceto na cidade de Miharu – não receberam iodeto de potássio inerte, que teria bloqueado a absorção de iodo radioativo mortal por suas glândulas tireoide. No entanto, iodo profilático foi distribuído para a equipe da universidade médica de Fukushima alguns dias após o acidente, quando níveis extremamente altos de iodo radioativo – 1,9 milhões de Becquerel/kg – foram encontrados em vegetais folhosos perto da Universidade. A contaminação de radiação em muitas áreas do Japão foi e é difundida na água, nos legumes, frutas, carne, leite, arroz, chá, etc.



O desastre de Fukushima não acabou e nunca acabará. A contaminação radioativa que permanece tóxica por centenas de milhares de anos cobre grandes porções do Japão e nunca será “limpa”; ela vai contaminar os alimentos, os seres humanos e animais praticamente para sempre.


Os três reatores que experimentaram colapsos totais nunca irão ser desmontados ou descomissionados e até mesmo a TEPCO (a empresa nuclear japonesa) diz que levará pelo menos 30 a 40 anos, ao passo que a Agência Internacional de Energia Atômica prevê mais de 40 anos antes que eles façam qualquer progresso, por causa dos enormes níveis de radiação nestes reatores danificados.


Enquanto isso, o edifício nuclear número 4, que foi severamente danificado estruturalmente durante o terremoto inicial, poderá entrar em colapso durante um terremoto superior a 7 na escala de Richter, levando consigo mais de 100 toneladas de combustível radioativo fresco da piscina de refrigeração que fica precariamente a 30 metros acima do solo, no teto. Nesse cenário, a água de resfriamento se dissiparia e as barras de combustível poderiam inflamar espontaneamente, liberando 10 vezes mais césio do que o liberado em Chernobyl, contaminando grande parte do hemisfério norte, e forçando a evacuação de mais de 50 milhões de japoneses. Lembre-se que o Japão está situado numa zona sujeita a constantes terremotos. Em uma corrida contra o tempo, TEPCO está atualmente construindo uma estrutura de aço maciça ao lado e parcialmente acima dos restos do edifício 4.


Até 10 milhões de Becquerel de radiação são liberados no ar a cada hora pelos reatores atingidos, e soprados sobre áreas do Japão, enquanto o governo transfere milhões de toneladas de lixo nuclear de Fukushima para incinerá-lo em muitas cidades do Japão, incluindo Osaka, expondo assim milhões mais de pessoas à contaminação radioativa.

Enquanto isso, 400 toneladas de águas subterrâneas estão vazando para os edifícios dos reatores atingidos cada dia, o que então as torna extremamente radioativas, ao passo que 30 toneladas de água estão sendo usadas diariamente para esfriar os reatores e refrigerar as piscinas de combustível nuclear, e isso também se torna muito radioativo. Por falta de condições de armazenamento, TEPCO está descarregando diariamente mais de 300 toneladas de água contaminada no Oceano Pacífico.


Assim, num prazo relativamente curto, a indústria da pesca será destruída na costa leste do Japão. A quantidade de água radioativa que tem sido apurada no Pacífico já é muito maior do que o lançado ao mar por Chernobyl. A contaminação radioativa contínua, tanto por ar como pelo mar, tem se alastrado, por causa das correntes aéreas e marítimas, para a costa leste do Pacífico e, em geral, para o Hemisfério Norte. (Fonte: Opinião do Dr. Gundersen e Palestra da Dra. Caldicott - em inglês)

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