Quem Governa a Ucrânia?
Sabe-se hoje que Viktor Fedorovych Yanukovych, o Presidente eleito da Ucrânia, foi deposto em 2014 por um golpe orquestrado externamente pelos Estados Unidos. Já há farta documentação e provas de que o Departamento de Estado norte-americano, antes da deposição do então Presidente, selecionava os possíveis nomes do seu substituto, e o preferido, Arseniy Yatsenyuk, tornou-se o Primeiro-Ministro da Ucrânia de 2014 até 2016, quando ofereceu sua renúncia. O próprio Presidente que posteriormente assumiu o governo da Ucrânia, Petro Poroshenko, entrou com ação junto à Corte Constitucional pedindo o reconhecimento da inconstitucionalidade da lei que retirou Yanukovych da Presidência!
O mais surpreendente, todavia, é a prática adotada pelo governo ucraniano de eleger estrangeiros para postos-chave do governo. O Ministério das Finanças foi confiado a Natalie Jaresko, uma americana, filha de imigrantes ucranianos, que trabalhou no Departamento de Estado norte-americano (o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores). Jaresko permaneceu no cargo de 2014 até 2016, e, segundo o jornal Financial Times, estaria cotada para ser a próxima Primeira-Ministra. O Ministério da Economia ficou com o Aivaras Abromavicius, um banqueiro de carreira nascido na Lituânia. Aleksandre Kvitashvili, nacional da Geórgia, foi nomeado Ministro da Saúde. O Presidente Poroshenko também nomeou o ex-presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, para o cargo de governador da província de Odessa. Para não ficar estranho aos olhos da população, os três primeiros foram nacionalizados no mesmo dia da nomeação. Para a remoção de impedimentos jurídicos, o Presidente chegou a enviar ao Parlamento ucraniano um projeto de lei que permite que autoridades governamentais contratem estrangeiros, inclusive para o cargo de Procurador-Geral.
No campo militar, o Presidente da Ucrânia resolveu contratar, como consultor especial, Anders Fogh Rasmussen, que atuou como Secretário-Geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) até 2014. O gesto não foi bem recebido na Rússia, pois um ex-Secretário-Geral da OTAN estará atuando como o de facto ministro de defesa, quiça preparando o país para admissão na OTAN ou, no mínimo, para acordos específicos com a organização que podem garantir, por exemplo, direito de instalaçao de sistemas militares.
A tendência se espalha para o setor privado também. O filho do Vice-Presidente dos Estados Unidos passou a integrar a Diretoria de uma das maiores companhias de gás da Ucrânia. Coincidência?