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Risco de Guerra Nuclear na Síria


A Turquia está bombardeando – com sua artilharia – localidades situadas no território sírio. Alvo? Os curdos sírios (força conhecida como YPG), a quem o governo turco chama de terroristas. O problema é que os curdos na Síria estão lutando contra o Estado Islâmico e a frente al-Nusra (al-Qaeda). Em outras palavras, os curdos estão lutando pelos mesmos (anunciados) objetivos dos turcos, americanos, sírios, russos, britânicos, etc, e ainda assim estão sendo bombardeados pelos turcos. A Turquia também lançou ataques aéreos contra os curdos no Iraque, alegando retaliação contra um atentado terrorista na capital turca. Não bastasse isso, a Turquia e a Arábia Saudita e seus aliados (Qatar, Kuwait, EAU, Bahrain) estão ficando cada vez mais desesperadas com o desenrolar do conflito na Síria. Lembre-se que o objetivo desses países é a mudança de governo na Síria, e para isso, têm apoiado todos os grupos rebeldes inclusive os mais radicais (o próprio Vice-Presidente americano confirmou essa informação). O desespero desses países reside no fato de que as forças governamentais sírias, com o apoio da Rússia, Irã e Hizbollah, estão vencendo a guerra contra o Estado Islâmico, al-Nusra e os demais grupos rebeldes. A cidade de Alepo, segunda maior e mais importante, está próxima de ser cercada, e a “estrada jihad”, poderá ser fechada. A estrada jihad é o nome dado a uma via que liga a Turquia à Síria e pela qual passam os suprimentos, equipamentos e novos conscritos e voluntários para os grupos rebeldes. Alepo é controlada sobretudo por forças da al-Nusra (al-Qaeda). Diante dessa ameaça, a Turquia e a Arábia Saudita estão ameaçando enviar tropas e invadir a Síria. O objetivo anunciado é lutar contra o Estado Islâmico, mas todos sabem que o que se pretende é salvar todas as forças rebeldes, instituir uma área de proteção próxima à fronteira truca (que asseguraria a continuidade do suprimento às forças) e, finalmente, depor o regime de Assad na Síria. Lembre-se que a Arábia Saudita invadiu o Iêmen e mantem-se na luta contra as forças rebeldes dos Houthis (cometendo, nesse período, crimes de guerra). O problema é que a invasão terrestre colocará em risco as tropas russas já presentes na Síria (entre 10 a 20 mil). Os russos já estabeleceram na Síria uma zona aérea de exclusão para os aviões turcos, desde que um bombardeio russo foi abatido pela força aérea turca na fronteira da Síria-Turquia. A Turquia tem procurado o apoio da OTAN e a participação de outros membros na planejada invasão terrestre, mas até o momento tem recebido uma resposta fria e negativa. Já há manifestações de países membros da OTAN no sentido de que a Turquia não poderá invocar o art. 5 (cláusula de solidariedade) em caso de confronto com a Rússia. Os Estados Unidos, porém, se abstiveram de proibir tal ação, embora tenham deixado claro que não participariam. Se a Turquia e a Arábia Saudita não forem controladas, corre-se o risco de uma guerra nuclear na região. O primeiro-ministro da Rússia, Medvedev, já afirmou que uma invasão de tropas árabes e turcas na Síria causaria uma “guerra permanente” ou uma guerra mundial. Mais importante ainda, Putin teria advertido ao Presidente Erdogan (Turquia) que uma invasão terrestre colocaria em risco as tropas russas, e, nesse caso, a Rússia estaria disposta a empregar armas nucleares táticas em sua defesa. A situação na Síria merece ser acompanhada de perto.

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