Ucrânia Perde Progressivamente sua Independência
Já se noticiou nesse site as nefastas consequências do golpe de Estado ocorrido na Ucrânia, dirigido e apoiado pelos Estados Unidos (há deputados e ex-senadores norte-americanos que concordam com essa avaliação).
A Ucrânia se tornou num país falido, dividido, envolto numa guerra civil, e fonte de uma tensão estratégico-militar entre a Rússia e a OTAN.
O mais interessante é a clara dominação da Ucrânia por potências Ocidentais e seus aliados. Como já noticiado aqui, os nomes da liderança que eventualmente substituiu o presidente ucraniano deposto foram discutidos em telefonema vazado entre o Departamento de Estado e o embaixador norte-americano na Ucrânia (isso ocorreu antes da deposição do então presidente eleito).
O que mais impressiona é a composição do atual governo ucraniano. A ministra das finanças, Natalie Jaresko, é americana de nascimento, graduada por universidade americana, ex- diplomata do governo dos Estados Unidos, e até recentemente era sócia-fundadora de uma empresa de investimentos. Aivaras Abromavicius, o ministro responsável pela pasta do Desenvolvimento Econômico e Comércio, é da Lituânia, e também teve sua formação nos Estados Unidos, trabalhando depois para um banco e um fundo de investimento. O ministro da saúde, Aleksandre Kvitashvili, é natural da Geórgia, estudou também nos Estados Unidos, e de 2008-2010 trabalhou no governo da Geórgia. Todos os três nomeados são fortemente pró-ocidentais. Para não ficar muito vexaminoso, horas antes da aprovação dos seus nomes pelo Parlamento, o Presidente da Ucrânia lhes outorgou a nacionalidade ucraniana. O caso mais curioso foi a nomeação de Mikheil Saakashvili, presidente da Geórgia entre 2008 e 2013, para o cargo de governador de Odessa, uma das mais importantes regiões da Ucrânia. Além da surpresa de se ter um estrangeiro, ex-presidente de outro país governando uma região ucraniana, esse mesmo personagem está em exílio, fugindo das autoridades georgianas que o indiciaram por delitos penais.
Nessa mesma esteira, noticia-se que o Parlamento ucraniano aprovou, em primeira leitura, projeto de lei que permite a incorporação de estrangeiros às suas forças armadas. As forças armadas da Ucrânia já dispõem de um batalhão marcadamente neo-nazista, chamado Batalhão Azov (veja foto acima do batalhão com a sua bandeira neonazi), que conta com muitos estrangeiros.
O esperado controle estrangeiro da Ucrânia, que perde sua independência, se estende ao campo econômico-financeiro. A Ucrânia depende, hoje, da boa vontade do FMI em continuar rolando sua dívida. E o que aconteceu com as reservas de ouro da Ucrânia?
De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Ucrânia diminuiu (isto é, vendeu) suas reservas de ouro em mais de um terço somente no mês de outubro de 2014. A própria Diretora do Banco Central Ucraniano admitiu em recente entrevista que a Ucrânia tem apenas uma pequena quantidade de ouro, que corresponde a 1% das suas reservas cambiais, o que significa que o país perdeu mais de 20 toneladas de ouro das suas reservas. E o mais grave: ela reconheceu, em entrevista, que o destino de pelo menos parte do ouro é incerto. Mesmo supondo-se que o ouro tenha sido vendido, a venda de ouro no atual cenário, onde o preço do ouro está muito baixo, seguramente importou numa perda enorme de divisas para o país, um ato comercial de insanidade. Mas há ainda um outro agravante: circula a notícia de que logo após o golpe que derrubou o presidente Yanuyovch, as reservas em ouro da Ucrânia teriam sido transportadas por avião para um lugar não sabido.
Em recente decisão, o gabinete do governo, de continuar em 2015 o processo de privatização iniciado em 2014 com a listagem de mais de 300 empresas e ativos públicos. A privatização de bens públicos na Ucrânia, país reconhecidamente mergulhado em problemas de corrupção, vai beneficiar poucos investidores, bancos e fundos de investimento, com prejuízo para o patrimônio público. Alguém está ganhando muito dinheiro com essa "nova" Ucrânia.