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A Nova Parceria Estratégica: Rússia e China


Exercícios militares entre países são requisitos de uma aliança militar e estratégica, ou ao menos indicam uma cooperação militar tendo em vista um potencial inimigo comum. Já se noticiou nesse site os vários exercícios militares conjuntos que envolvem os países da OTAN, justificados como uma resposta à percepção de uma ameaça vinda da Rússia. Em 2014, os Estados Unidos e o Japão conduziram um exercício militar anual visando simular a defesa de uma ilha hipotética, quando é de conhecimento geral que a China e o Japão disputam o controle das ilhas Senkaku/Diaoyu (vários incidentes e interceptações envolvendo forças militares dos dois países já ocorreram).

É de se esperar que medidas como essa sejam acompanhadas de resposta por parte de outros países que se sentem ameaçados. Já se noticiou que o Conselho de Cooperação de Xangai (CCX), do qual participam a Rússia, a China e mais 4 países, realizou o maior exercício militar conjunto desde a sua fundação (chamado de "Missão de Paz 2014").

Rússia e China estão agora engajados numa cooperação militar bilateral que inclue exercícios militares de grande escala, consultas regulares e trocas de informação. Em recente visita à China, o Ministro da Defesa russo externou a preocupação dos dois países com as tentativas dos Estados Unidos de reforçar sua influência militar na região do Pacífico Asiático.

O que mais impressiona é que, pela primeira vez, a Rússia e a China realizarão em Maio um exercício naval conjunto no mar Mediterrâneo, longe de seus interesses estratégicos imediatos no mar Báltico, mar Negro ou mar da China. No dia 4 de maio, duas fragatas chinesas atravessaram o estreito de Bósforo e entraram no Mar Negro. Não se sabe ao certo se elas participarão do exercício naval no Mediterrâneo, mas a passagem de navios de guerra chineses no Mar Negro é inédita.

Na parada do Dia da Vitória (9 de maio), que comemora a vitória soviética sobre a Alemanha nazista durante a II Guerra Mundial, o Presidente da China recebeu um lugar de honra ao lado de Putin. Pela primeira vez, um contingente da Guarda de Honra da China participou do desfile militar ao lado das tropas russas.

Não se pode deixar de inferir que os dois países estão enviando uma mensagem sobre uma nova parceria estratégica-militar que se projetará sobre outras regiões do mundo em desafio à hegemonia norte-americana. Os dois países estão colaborando também na área energética, financeira, comercial, etc.

Num contexto mais amplo, a evolução do CCX, se analisada em conjunto com a Comunidade dos Estados Independentes, a União Econômica da Eurásia, e o grupo BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), mostra a formação de centros alternativos de poder que não serão secudários ou subordinados à União Européia ou à OTAN.

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