A Nuclearização da Crise na Ucrânia
Em Outubro de 1962, o mundo viveu uma crise sem precedente entre as potências nucleares Estados Unidos e União Soviética, em torno do estacionamento de mísseis balísticos soviéticos em Cuba. Os Soviéticos decidiram fazer esse movimento em resposta à colocação prévia de mísseis balísticos americanos na Turquia e às tentativas americanas de derrubar o líder cubano Fidel Castro, que se alinhara com o bloco comunista.
A crise dos mísseis cubanos colocou as duas potências em estado máximo de alerta e quase desencadeou uma guerra convencional e nuclear. Felizmente, negociações conduziram a uma saída honrosa para os dois lados.
Hoje, a crise não se refere a uma ilha na proximidade dos Estados Unidos, mas a um país que faz fronteira com a Rússia. A incorporação da Criméia à Rússia, após o referendo, deixou os Russos mobilizados. Agora sabemos que o Presidente russo Putin estava pronto a colocar suas forças nucleares em estado de alerta caso houvesse uma tentativa de reação armada contra a fusão entre a Criméia e a Rússia.
Durante a Guerra Fria, estimava-se que o bloco Soviético possuía uma força convencional (que exclui as armas estratégicas) muito superior a da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Por isso, o guarda-chuva nuclear americano era fundamental, e os americanos chegaram a colocar armas nucleares em determinados países europeus . Hoje, com a ruína da União Soviética, o fim do Pacto de Varsóvia, a expansão da OTAN para o leste europeu (até chegar aos presentes 28 países membros) , a Rússia se encontra numa posição geral de desvantagem em termos de armas convencionais, e precisa confiar ainda mais no seu arsenal nuclear.
Por causa dos movimentos militares da OTAN (relatados em outras Notícias desse website), a Rússia não apenas mobiliza e treina suas forças convencionais mas exercita seus músculos nucleares também. Reporta-se que a Rússia estacionou mísseis Iskander no seu enclave de Kaliningrado, que fica no Báltico. Esses mísseis são capazes de carregar ogivas nucleares. Os russos também anunciaram o envio de bombardeiros nucleares Tupolev para a Criméia. O governador da nova República russa da Criméia afirmou recentemente que a Criméia estaria pronta para receber o estacionamento de armas nucleares, se assim for ordenado pelo Presidente Putin.
Uma coisa fica bem clara: assim como os Estados Unidos estavam dispostos a irem à guerra para impedir a continuação dos mísseis soviéticos em Cuba, a Rússia lutará com armas convencionais e nucleares contra qualquer tentativa de reverter a incorporação da Criméia. Com respeito às 2 regiões separatistas da Ucrânia, porém, a extensão do compromisso russo ainda não está tão clara.