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Mudanças Importantes nos Mercados Financeiros


A crise da Ucrânia gerou sanções econômicas e financeiras contra a Rússia. Para escapar do estrangulamento financeiro causado pela União Européia e os Estados Unidos, a Rússia está avançando um processo rápido de desdolarização. A estratégia envolve acordos de troca de moedas, a venda de títulos de dívida pública norte-americana, e o aumento das reservas de ouro. Por 20 meses seguidos a quantidade de títulos do tesouro norte-americano em posse da Rússia tem diminuído, enquanto as reservas de ouro são aumentadas. Somente nos últimos 6 meses, a Rússia adicionou o equivalente a 46 bilhões de dólares em ouro às suas reservas.


A União Européia e os Estados Unidos continuam a ameaçar sanções adicionais contra a Rússia. Uma das medidas consideradas é a exclusão da Rússia do SWIFT, o sistema internacional de transações bancárias, o que daria um golpe tremendo nas instituições financeiras e corporações russas. O Primeiro-Ministro da Rússia já deixou bem claro que se isso ocorrer, as medidas retaliatórias da Rússia, sejam econômicas ou de outra natureza, não terão limites (isto é, não serão necessariamente proporcionais).


O processo de repatriação de reservas de ouro mantidas no exterior continua. Após Venezuela, Iran, Equador, México, Líbia e outros, a Alemanha anunciou que repatriou 120 toneladas de ouro que estavam sendo guardadas em Paris e Nova Iorque. A medida indica uma forte tendência global em que países estão repatriando seu ouro armazenado no exterior. A Holanda também comunicou recentemente a repatriação secreta de 122 toneladas de ouro que mantinha em Nova Iorque. A Austria e a Bélgia estão considerando a mesma medida. Por que a repatriação? As razões são várias: os países podem estar perdendo a confiança no custodiador (o governo dos Estados Unidos, por exemplo); os países podem ter percebido a necessidade de ancorar sua moeda no metal precioso e diminuir sua dependência do dólar americano; o Banco Central do país que repatria pode estar perdendo a confiança da população e dos agentes financeiros na sua capacidade de controlar a moeda nacional; os países europeus podem estar se preparando para um eventual agravamento da crise do Euro


O Governo Suiço decidiu, para surpresa dos mercados financeiros, desatrelar sua moeda, o Franco suiço, do Euro. Com a medida, o Franco suiço imediatamente se valorizou em mais de 40% frente ao Euro, o que prejudicará suas exportações. A decisão seguramente originou-se da conclusão de que era inviável defender o Franco Suiço para mantê-lo numa escala de valor em relação ao Euro. Primeiro, o Banco Central suiço tinha de comprar e manter enormes quantidades de Euros, e essa exigência só aumentaria a partir do momento em que o Banco Central Europeu anunciou um programa de compra de dívida pública. Segundo, os investidores estão buscando refúgios monetários, e a demanda sobre o Franco Suiço - um investimento preferido - seria insuportável. A medida acarretou bilhões de dólares em perdas para investidores e bancos. Outras repercussões ainda estão por vir.


Ao mesmo tempo, a Suiça e a China divulgaram um acordo que permite o uso da moeda chinesa (renminbi) por empresas e instituições em transações internacionais, o que mostra a crescente importância da China nos mercados financeiros. De toda forma, essas medidas, somada às repatriações de ouro, sinalizam uma iminente crise financeira mundial.


Nesse ínterim, os agentes financeiros estão apostando na continuação da guerra monetária, com o Japão e a União Européia promovendo desvalorizações adicionais de sua moeda.

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