Os Tambores da Guerra Continuam a Tocar - Parte I
O Congresso dos Estados Unidos aprovou resoluções sobre a Ucrânia que endossam uma posição mais radical do Governo dos Estados Unidos contra a Rússia (a primeira, Resolução 758, foi adotada pela Câmara dos Representantes, e a segunda, Resolução S.2828, pelo Senado). As duas resoluções acusam a Rússia de agressão militar e econômica contra a Ucrânia, e de invasão de território ucraniano, autorizando o Presidente a impor sanções adicionais contra a Rússia. De fato, Presidente Obama decidiu, juntamente com a União Européia, estabelecer sanções específicas contra a Criméia, região que foi incorporada (os americanos diriam, anexada) pela Rússia após o referendo popular.
Ao mesmo tempo em que acusam a Rússia de intervenção na Ucrânia, as resoluções das duas casas do Congresso autorizam a criação de programas de rádio e televisão a serem transmitidos na língua russa nos países que eram membros da antiga União Soviética com o objetivo de "conter a propaganda da Rússia". Encorajando uma intervenção mais direta, as resoluções determinam que o governo americano fortaleça as "instituições democráticas e as organizações da sociedade civil e política na Rússia", uma linguagem codificada que significa apoiar financeiramente e por outros meios a oposição política doméstica aos atuais governantes da Rússia.
Talvez a disposição mais preocupante seja a que autoriza o Presidente norte-americano a fornecer à Ucrânia armas e equipamentos militares, bem como treinamento militar. A prestação de apoio militar à Ucrânia pode ser um marco decisivo na crise da Ucrânia, gerando uma reação militar por parte da Rússia, seja para proteger a Criméia, ou os Ucranianos-Russos que vivem nas regiões separatistas. No mínimo, a Rússia se sentirá legitimada a responder na mesma moeda, fornecendo armas às regiões separatistas. É bom lembrar que os Estados Unidos e a Rússia - assim como outros países - estão apoiando os lados opostos na guerra internacionalizada da Síria, e isso só aumentou a violência e o número de vítimas, ao mesmo tempo em que diminuiu as possibilidades de resolução pacífica do conflito.
Simultaneamente, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou a adoção de um Plano de Ação para Prontidão, que basicamente procura estabelecer uma força de reação rápida que irá responder aos desafios contra a organização. A OTAN diz publicamente que o Plano tem em vista os "desafios representados pela Rússia e suas implicações estratégicas", e que para tal fim um quartel-general avançado será criado no Leste Europeu, mais precisamente em 6 países (Polônia, Lituânia, Estônia, Latvia, Romênia e Bulgária). Talvez já como medida de implementação do Plano, os Estados Unidos estão transferindo 100 tanques e veículos armados para a Europa de Leste.
Jogando mais lenha na fogueira, o vice-presidente do Parlamento Europeu afirmou que a crescente pressão da Rússia sobre a Ucrânia significava que "mais guerra é iminente".