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Qual a diferença entre o Estado Islâmico e Al-Qaeda?


Se pensarmos em termos de ideologia e religião, há pouca diferença entre al-Qaeda e o Estado Islâmico. Os dois se dizem Islâmicos, e enxergam o mundo dividido em dois campos: a Casa do Islamismo, onde o governo e a lei muçulmana prevalecem, e a Casa da Guerra, todas as terras habitadas e governadas por infiéis. Ambos consideram a jihad (luta) um dever de todo muçulmano até que todo o mundo se torne islâmico ou a se submeta ao Islamismo. Ambos são contra a democracia, a modernidade, e o secularismo, pregando o retorno às raízes puras do Islamismo. Ambos lutam contra os apóstatas e hereges que se encontram nas terras muçulmanas. Ambos defendem o uso da violência para atingir seus fins, seja contra alvos militares ou civis. Ambos adotam métodos terroristas, e por isso o Conselho de Segurança da ONU classificou os dois grupos como terroristas (veja Resolution 1390 (2002), sobre o al-Qaeda, e Resolução 2170 (2014), sobre o ISIS).


Há, porém, diferenças marcantes entre os dois. Al-Qaeda pretendia, mas nunca conseguiu, restabelecer o Califado, um Estado Islâmico que englobaria todas ou quase todas as terras islâmicas sob um único governo. O último Califado foi o Império Otomano, que se desfez ao final da II Guerra Mundial e foi extinto oficialmente em 1924. Al-Qaeda se refugiou no Afeganistão, sob a tutela do regime Talebão, e imaginava que esse país poderia ser o núcleo do Califado, mas os eventos desde 2001 (invasão do país, remoção do Talebão do poder, destruição das bases da al-Qaeda e morte de Bin Laden) interromperam esse projeto.


O projeto foi continuado por Al-Qaeda no Iraque, que se afastou da liderança do sucessor de Bin Laden, e mudou seu nome para Estado Islâmico na Síria e no Levante (depois, Estado Islâmico no Iraque e na Síria, ou simplesmente Estado Islâmico ou ISIS). Após obter sucesso miltar na Síria, conquistando aldeias, vilas e cidades, estradas e outros pontos estratégicos, se expandiu transfronteiriçamente para conquistar largas porções do território Iraquiano. ISIS mantém controle territorial e exerce as atividades típicas de um governo sobre a população desse território (lei e ordem pública, prestação de serviços públicos, etc), e possui um contingente militar fixo e visível, mostrando as marcas de uma entidade política. Al-Qaeda, por seu turno, não retém controle territorial (exceto por pequenas áreas na Síria sob o comando da Frente Al-Nusra), e mantem-se basicamente como uma organização terrorista ativa.


Essas diferenças eventualmente levaram a uma competição entre as duas, e até mesmo a lutas entre os dois campos na Síria. Embora se noticie que os dois grupos resolveram recentemente deixar as diferenças de lado e cooperar no conflito da Síria, não resta dúvida de que ISIS sobrepuja al-Qaeda em vários aspectos, e tem atraído muito mais muçulmanos e grupos radicais islâmicos para a sua esfera de influência.

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