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As Consequências Econômicas da Crise da Ucrânia


A União Européia, o Canadá e os Estados Unidos estão impondo um pacote de fortes sanções econômicas e financeiras contra a Rússia, por causa da anexação (os Russos diriam integração) da Criméia à Russia e o alegado envolvimento da Rússia na Ucrânia. Em resposta a essas medidas, a Rússia adotou medidas de retaliação comercial contra a União Européia, e elas seriam uma das razões pelas quais projeta-se que a zona do Euro (18 países da União Européia que adotam o Euro como moeda) irá experimentar um crescimento econômico de apenas 0.8% nesse ano. Empresas petrolíferas norte-americanas com contratos de exploração na Rússia foram também afetadas.


Outra consequência tem sido o estreitamento dos laços comerciais entre a Rússia e a China (veja a Notícia "Sanções contra a Rússia Fortalecem as Relações entre China e Rússia"). Para além disso, o Banco Central russo anunciou que o país adicionou 150 toneladas métricas às suas reservas de ouro nesse ano de 2014 (praticamente o dobro do ano anterior), ao mesmo tempo em que diminui suas reservas em dólar americano e assina acordos de troca de moedas com a China e outros países. Com essas medidas, a Rússia procura resguardar o valor de sua moeda (o rublo, fragilizado pelas sanções financeiras e econômicas e pelo baixo preço do petróleo), reduzir sua dependência financeira do dólar americano e do Euro, e se preparar para um eventual reordenamento do sistema monetário internacional. A Rússia triplicou as suas reservas de ouro em apenas uma década.


Os Bancos Centrais de outras nações estão também adquirindo ouro para suas reservas cambiais desde a eclosão da crise financeira em 2008-9, com maiores volumes transitando para os países emergentes. Alguns países, por seu turno, resolveram repatriar o ouro que mantinham no exterior. Países como o Canadá, os Estados Unidos e o Reino Unido são conhecidos repositórios de ouro alheio. Entre os que promoveram a repatriação de todo ou parte do seu ouro do exterior estão a Venezuela, a Holanda e a Alemanha. Os suiços terão um referendo popular nesse mês de novembro para decidir se repatriam ou não o seu ouro do exterior.


O caso mais curioso é o da China, cuja moeda representa o mais sério concorrente à hegemonia do dólar americano. A China vem importando enormes quantidades de ouro anualmente e é o o maior produtor de ouro do mundo. O governo chinês não divulga as suas reservas oficiais de ouro desde 2009, mas o sigilo seria parte de sua política de continuar adquirindo ouro enquanto o preço desse metal precioso continuar manipulado para baixo. O projeto chinês é estratégico e de longo prazo: a preparação da moeda chinesa para uma nova ordem financeira mundial, na qual o renminbi teria um lugar privilegiado. Para tal fim, o lastreamento da moeda em reservas de ouro, mesmo que parcial, seria um passo importante.



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