Por quê o Estado Islâmico tem Conseguido Sobreviver à Ofensiva dos Estados Unidos e Outros Países
A campanha aérea contra o Estado Islâmico, conjugada com ações de forças terrestres dos Curdos, Iraquianos, grupos armados shiitas, e grupos rebeldes "moderados" na Síria, ainda não logrou grande sucesso. Por quê? Várias razões poderiam explicar a resistência e até - em alguns casos - o continuado avanço das forças do Estado Islâmico. Primeiramente, os aliados parecem ter subestimado a real dimensão das forças do EI. Enquanto a CIA (dos Estados Unidos) e outros serviços de inteligência estimavam que o EI dispunha de até 35.000 soldados, o Governo provincial curdo no Iraque considera que até 200.000 homens estejam a serviço do EI. A avaliação Curda funda-se na população que estaria vivendo sob o controle do EI (10 a 12 milhões), e nas inúmeras frentes de batalha que o EI consegue manter simultaneamente no Iraque e na Síria.
Em segundo lugar, conforme estudo do Governo Iraquiano, quando as forças do EI capturavam uma cidade, vila ou aldeia, eles mostraram grande competência em alistar de 5 a 10 vezes o número dos seus soldados. O EI imediatamente instala sua versão do Direito Islâmico e inicia um programa de doutrinação religiosa e ideológica que consegue atrair muitos jovens ao mesmo tempo em que preparam as crianças para serem os guerreiros do futuro. Para "adoçar" o apelo, reporta-se que o EI oferece um salário mensal para os novos recrutas, o que é um atrativo a mais numa região onde o emprego é escasso.
Há também as conotações étnicas que limitam o alcance do envolvimento das forças aliadas. Os Curdos, por exemplo, não se dispõem a liberar áreas não curdas, isto é, ocupadas por Iraquianos Sunitas. O exército Iraquiano foi reformado com a queda de Saddam Hussein e é hoje controlado pelos Shiitas. Lutando ao lado de grupos armados Shiitas independentes, o exército Iraquiano pode ser visto com maus olhos pela grande comunidade Sunita, o que atrairia mais jovens sunitas para lutar ao lado do EI.
O Chefe do Estado Maior norte-americano estimou que seriam necessários pelo menos 80.000 homens bem treinados para derrotar militarmente o EI, e o exército Iraquiano certamente não se qualifica para tal tarefa.
Finalmente, as táticas usadas pelo EI têm espalhado o terror e medo nos soldados da aliança anti-EI. Decapitações públicas, execuções sumárias, e ataques suicidas são exemplos de atividades que estimulam o combate das forças da EI e ao mesmo tempo desencorajam a resistência das forças contrárias.
O acesso do EI aos recursos petrolíferos da região controlada, o ingresso de milhares de voluntários estrangeiros, a aquisição de material de guerra abandonado pelos Iraquianos, e a participação de veteranos dos exércitos sírio e iraquiano também melhoraram as chances do EI de resistir a essa nova fase do conflito.