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Como Entender o Declínio no Preço do Petróleo?


O mercado do petróleo costumava mostrar muita sensibilidade a acontecimentos e crises no Oriente Médio, particularmente na península arábica. Hoje, há um conflito armado internacionalizado na Síria, um pretenso Estado Islâmico que cobre áreas do Iraque e da Sìria e representa uma ameaça aos demais países da região, e atentados contra as instalações petrolíferas da Arábia Saudita. Ainda assim, o preço do barril de petróleo continua a cair, atingindo valor inferior a 80 dólares americanos.


Respondendo a alegações de que a Arábia Saudita estaria por trás desse movimento no preço, causando uma guerra de preço, o Ministro Saudita afirmou que a política comercial do país reflete apenas o preço que o mercado está fixando, tendo em conta os atuais níveis de oferta e demanda (o FMI projeta para 2014 uma redução e 0.3% no crescimento econômico do mundo). O fato é que a Arábia Saudita ofereceu preços reduzidos para os países Asiáticos, em resposta à crescente competição vinda de países como Colômbia, Rússia e Omam, assim como a redução nas importações americanas por causa dos fantásticos níveis de produção doméstica de petróleo.


Haveria, porém, uma motivação geopolítica para a política comercial saudita. Noticia-se que a redução progressiva do preço do petróleo seria uma medida estratégica da Arábia Saudita para atingir pelo menos dois objetivos de grande importância: 1)forçar o seu arquirival Irã a limitar seu programa nuclear, cujo aspecto militar contraria os interesses sauditas; 2)pressionar os russos a abandonarem seu apoio ao regime de Assad na Síria, cuja remoção é um dos objetivos do Governo saudita. Tanto os Iranianos quanto os Russos são dependentes dos recursos provenientes da exportação de petróleo. O orçamento da Rússia para 2015-2017, por exemplo, previa um preço médio do barril de 100 dólares americanos. A dependência do Irã em relação aos recursos do petróleo é ainda maior, já que precisa de um preço de 140 dólares para manter seu orçamento em dia (e financiar seu gigantesco programa nuclear). Foi noticiado que essa estratégia seria parte do pacote negociado entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos (veja a notícia "O Acordo entre Obama e a Arábia Saudita contra ISIS"). É possível, portanto, que os americanos estejam empregando a Arábia Saudita para, por meio dessa guerra comercial, também forçar a Rússia a mudar sua posição na disputa que surgiu em torno da crise da Ucrânia.


O problema é que, nesse mundo interdependente, a própria Arábia Saudita precisa de um preço médio um pouco acima de 90 dólares para sustentar seu orçamento, as passo que a indústria petrolífera americana sofrerá os efeitos da continuidade dos baixos preços. Outra indesejável consequência é uma verdadeira guerra de preços, na medida em que os demais países exportadores de petróleo venham a adotar medidas emergenciais para manter seus mercados.


Um detalhe curioso é que o clube dos exportadores de petróleo tem um novo membro: o Estado Islâmico, que exporta petróleo dos campos que estão sob o seu controle na Síria e no Iraque.


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