A Crise na Ucrânia Gera Mobilização nos Dois Lados - Parte II
Na medida em que as relações diplomáticas e comerciais entre a União Européia-Estados Unidos-Canada-OTAN e a Rússia se deterioram, as forças armadas de cada lado são mobilizadas para treinarem em cenários de uma possível guerra futura. Veja, abaixo, alguns exemplos da mobilização Russa em preparação para um conflito com a OTAN:
Em Junho de 2014, coincidindo com os exercícios militares da OTAN no mar Báltico e em Latvia (operações Saber Strike-2014 and BALTOPS-2014), o exército Russo estacionado no enclave de Kaliningrado realizou amplas manobras militares de tamanho comparável.
Em Agosto de 2014, a Organização para a Cooperação de Shangai, criada inicialmente com um foco na cooperação econômica, realizou exercícios militares conjuntos na província Chinesa da Mongólia Interior. Participaram das manobras 7.000 homens, incluindo tropas da China e da Rússia.
Em Setembro de 2014, forças russas responsáveis pelo arsenal estratégico nuclear conduziram exercícios militares em Altai, na região centro-sul da Rússia.
Também em Setembro de 2014, a Rússia efetuou seu maior exercício militar no Leste do país desde a época da antiga União Soviética. A operação, nomeada Vostok-2014, envolveu aproximadamente 100.000 homens, 1.500 tanques, 120 aviões de combate, 5.000 peças de artilharia, mais de 70 navios de guerra (quase toda a frota russa do Pacífico), e outros tantos equipamentos militares (como baterias anti-aéreas).
Em Novembro de 2014, como resposta a mobilizações ou exercícios militares da OTAN perto de fronteira, a Rússia realizou exercícios militares de larga escala envolvendo suas armas estratégicas (nucleares) e respectivos meios de lançamento (bombardeiros e submarinos estratégicos, e lançadores terrestres de mísseis balísticos intercontinentais) no Mar de Barents.
O Ministro da Defesa Russo anunciou, em Novembro de 2014, que a Rússia manterá missões regulares de patrulha efetuadas por bombardeiros estratégicos de longa distância no Oceano Atlântico Ocidental, Oceano Pacífico Leste, no Caribe e no Golfo do México (algo que não teria acontecido nem durante a Guerra Fria). O Ministro se referiu à "situação corrente" para justificar a decisão do Governo russo. A Rússia estaria negociando também com os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua a possibilidade de acesso dos seus navios de guerra aos portos daqueles países.
Um incidente envolvendo um avião militar russo (um Sukhoi-24) e um destróier americano (USS Donald Cook) no Mar Negro, em abril de 2014, teria causado espanto nos meios militares ocidentais. O avião sobrevoou o destróier 12 vezes, simulando um ataque com um míssel. Como ele não carregava qualquer armamento, não foi isso o que assustou o navio americano. O que realmente deixou os americanos perplexos foi o uso pelo avião russo de um dispositivo de guerra eletrônica que desligou completamente todos os sistemas de defesa do navio americano, tornando-o completamente imune ao ataque simulado. E o pior: o destróier seria um dos navios mais modernos da OTAN.