Responsabilizando a Empresa Nuclear Japonesa e Outras
Quando o terremoto e a tsunami devastaram o Japão, em 11 de março de 2011, os Estados Unidos enviaram uma força naval liderada pelo porta-aviões Ronald Reagan para prestar assistência humanitária. A frota naval atuou, a partir do dia 12 de março, perto da costa de Fukushima, onde ocorreu o acidente nuclear e depois as explosões nos três reatores nucleares. Hoje se sabe que as nuvens radioativas alcançaram os navios e os marinheiros recebram altas doses de radiação.
Três anos depois, centenas de marinheiros apresentam sinais da exposição à radiação: diversos tipos de câncer (cérebro, testículo, leucemia, etc), remoção de bexigas, sangramentos continuados, doenças da tiróide, deterioração geral da saúde, etc. Duzentos deles entraram com uma ação conjunta contra a empresa japonesa responsável pelo complexo nuclear em Fukushima (TEPCO) e as empresas americanas que construíram e mantiveram as instalações (GE, Toshiba e Hitachi).
Nesse mês de outubro de 2014, o juiz federal descartou as objeções preliminares dos réus e determinou que a ação deve prosseguir. Outros marinheiros devem ser adicionados à ação (estima-se que o número de autores pode chegar a 70.000, se somados todos os soldados de uma base militar americana no Japão). Até o momento, a indenização pedida é de 1 bilhão de dólares!
Uma decisão importante nessa ação foi que a mesma poderá prosseguir nos Estados Unidos. Se for bem sucedida, a ação vai extrapolar os limites de compensação estipulados em acordos internacionais, e o setor nuclear (que vive de subsídios governamentais) sofrerá um grande impacto, pois não tem condição financeira de contratar um seguro que possa cobrir os custos de um acidente nuclear.
Os tratados internacionais, decisões da AIEA (Agência Internacional da Energia Atômica) e as leis nacionais sobre responsabilidade por danos nucleares limitam a quantidade total de compensação a ser paga pela empresa operadora nuclear, além de protegerem os fornecedores nucleares, empresas que lucram com a construção e a operação dos reatores, de toda a responsabilidade. Isto limita os fundos disponíveis para as vítimas a uma fração dos custos reais e remove os incentivos para que as empresas operadoras e fornecedoras tomem toda precaução possível para reduzir os riscos nucleares.
A operadora da planta nuclear Daichii, na prefeitura de Fukushima, TEPCO, foi nacionalizada pelo governo japonês em junho de 2012, caso contrário ela não poderia arcar com os custos de gerenciamento da crise e compensação das vítimas. A partir de junho de 2012, os custos do desastre nuclear estão sendo assumidos pelo governo japonês, isto é, os contribuintes do Japão. Estima-se que TEPCO , ou melhor, o governo japonês, terá que gastar pelo menos 105 bilhões de dólares com o desastre nuclear, contados somente os custos domésticos com a limpeza, as compensações, etc.
Ainda assim, como já foi observado, os reatores nucleares danificados de Fukushima continuarão a emitir radiação e contaminar os oceanos (especialmente o Pacífico), a atmosfera e o hemisfério norte por centenas de anos.