A Complexidade da Política no Oriente Médio
Para se ter uma idéia de o quão complexa é a política no Oriente Médio, considere os diferentes (e, por vezes, contraditórios) alinhamentos:
O Irã (aberta e diretamente), o Líbano (Hizbollah) e o Iraque (menos ostensivamente) apóiam Assad na Síria.
Os países do Golfo (Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Bahrain e Omam) são contra o Irã, Hizbollah e o regime de Assad.
Assad luta contra a Irmandade Muçulmana, que havia tomado o poder no Egito, e depois foi expelida pelo exército egípcio. Os países do Golfo, com exceção de Qatar, são contra a Irmandade Muçulmana e a favor do presente regime de Sisi no Egito. Qatar é abertamente a favor da Irmandade Muçulmana e contra o regime Sisi. Turquia trabalha contra Assad mas é a favor da Irmandade Muçulmana.
Arábia Saudita e Turquia disputam a hegemonia religiosa sobre o ramo Sunita no mundo Islâmico. Turquia deseja restabelecer o antigo Império Otomano.
Qatar e Arábia Saudita disputam a hegemonia política na região do Golfo.
Arábia Saudita e os países do Golfo lutam contra a hegemonia Shiita no mundo Islâmico, e contra o país Shiita líder, Irã.
Irã luta pela hegemonia política e religiosa no Oriente Médio.
Turquia luta para prevenir o estabalecimento de um Estado para os Curdos, nem que para isso tenha que apoiar o Estado Islâmico - ISIS contra os Curdos da Síria e do Iraque.É bom lembrar que a Turquia tem uma enorme minoria curda no seu território (em torno de 10-20 milhões). Talvez isso explique porque a Turquia negou permissão aos Estados Unidos e seus aliados para usarem seu território durante a campanha aérea contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria. A Turquia também tem permitido o trânsito de rebeldes pela sua fronteira para integrar as forças que lutam contra o regime de Assad. E, na semana passada, bombardeou redutos de rebeldes curdos (PKK), enquanto os americanos emprestavam apoio aéreo aos curdos na sua luta conta ISIS na Síria. Há relatos que apontam a Turquia - um membro da OTAN - estaria fornecendo apoio logístico e de informação, e até mesmo treinando membros do Estado Islâmico.
A versão Wahabita do Islamismo prevalecente na Arábia Saudita é não apenas anti-shiita, mas também anti-ocidental. A maioria dos participantes do ataque terrorista de 9 de setembro eram súditos sauditas. Condena-se o Estados Islâmico - ISIS por práticas medievais inaceitáveis como a decapitação e a crucificação, mas o governo saudita aplica as duas penalidades no dia a dia. Somente nesse ano, 59 pessoas foram punidas com a pena de decapitação, e vários são condenados à crucificação. No entanto, os Estados Unidos consideram os Sauditas como um país islâmico moderado e um grande aliado na região.